Olaaaaaaa neuroboys! Demos início ao assunto drogas no último post e para delírio da nação continuaremos agora a nossa conversa sobre o tema no que diz respeito à duas drogas interessantíssimas de serem estudadas: 5-MeO-DMT(5-metoxi-dimetiltriptamina) Bufotenina. As duas drogas agem como agonistas de serotonina não seletivos. (fonte http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3028383/?tool=pubmed)
5-MeO-DMT
Bufotenina
Antes de começar a falar sobre as drogas diretamente nós temos que entender um pouco de como elas são metabolizadas no nosso organismo e para isso você tem que saber o caminho da droga no nosso corpo.
Uma droga quando é metabolizada pelo nosso organismo segue por uma ordem de reações, sendo, portanto, reações de fase 1 e reações de fase 2.

Reação de fase 1 ou de funcionalização: redução, oxidação ou hidrólise dos compostos; adição de grupos tiol, carboxil, amina e hidroxila. A reação de fase 1 prepara a droga para a fase seguinte, gerando compostos mais ou menos ativos. Dentre as três reações apresentadas tem destaque a oxidação, da qual participa o Sistema citocromo p450. O citocromo p450 é uma droga polimórfica e já foram caracterizados no ser humano 57 citocromos p450. O citocromo p450 por ser polifórmico necessita diferentes nomes para os diferentes tipo, sendo utilizada a sigla: CYP2D6 para designar o citocromo p450(CYP) pertencente a segunda família, sub-famfília D e para dizer que na ordem de transcrição deste gene o que codifica este tipo de citocromo é sexto a ser lido.
Drogas indutora da atividade de diferentes citocromos
Drogas inibidoras da atividade de diferentes citocromos

Decidimos falar dessas drogas quando começamos o nosso projeto, pois são drogas produzidas por animais e inclusive produzidas por nós, seres humanos, mesmo que em baixíssimas quantidades quando em pessoas ‘saudáveis’ em certos aspectos.
5-MeO-DMT e bufotenina são produzidas por sapos do gênero bufo, especialmente pelo nosso querido sapo cururu (Bufo marinus; Rhinela marina). O veneno destes anfíbios, conhecido como bufotoxina, é rico em diversas substâncias tóxicas e alucinógenas, podendo conter também serotonina. No nosso corpo são tidas como psicotoxinas endógenas e estão presentes em diversos fluidos corporais, como urina, fluido cerebroespinhal e sangue.
Metabolismo do 5-MeO-DMT

É importante dizer também, que quando produzido no nosso corpo, o 5-MeO-DMT provém da serotonina, neurotransmissor relacionado com diversos papeis na homeostase, inclusive no reconhecimento de certas doenças da mente. Baixos níveis de serotonina ou a degradação desta de forma muito rápida pela monoamino oxidase-A(MAO-A) na sinapse podem ser sinais de depressão por exemplo.
Veja a semelhança entre a estrutura da serotonina e das drogas apresentadas:

As duas drogas são metabolizadas sofrendo uma desaminação pela monoamino oxidase-A(MAO-A), enzima presente no sistema nervoso, hepatócitos, entre outros. No entanto, ambas geralmente são consumidas com uma droga inibidora desta enzima, a harmalina, que também causa alucinações, deste modo o usuário sofre de um triplo estímulo à alucinação. A transformação de 5-MeO-DMT é realizada por CYP2D6, a mesma enzima que degrada a harmalina. Outra consequência, além da maior intensidade das alucinações, de as drogas serem consumidas com harmalina, é que bloqueando a MAO-A a droga também aumenta a quantidade de serotonina nas sinapses, fazendo com que a serotonina se ligue repetidamente aos receptores. Um inibidor potente de MAO-A (IMAO) como a harmalina se consumido em altas quantidades pode levar a pessoa a um quadro de intoxicação por serotonina e até a morte. As sinapses ficam da seguinte maneira:

Em experimentos com dois tipos de citocromo p450 2D6 (citocromo 'humanizado': TD-CYP2D6 e citocromo selvagem: Wild-type) foi demonstrado que a harmalina não só inibe, mas que também possui uma capacidade inibitória compatível com o poder de degradação do citocromo no meio, ou seja, quanto maior a eficiência do citocromo, maior o poder inibitório da harmalina. O experimento sugere também que a harmalina, no mínimo, induz a ligação de serotonina aos receptores HT1A, que promovem um abaixamento da temperatura do corpo.

Esse gráfico retrata simplesmente a produção percentual de bufotenina em relação à quantidade de 5-MeO-DMT administrada. Mostra este dado com e sem a adiministração de bufotenina e evidencia a maior exposição do sujeito às drogas quando a harmalina também é administrada e quando não é:

Sobre o 5-MeO-DMT é muito interessante a hipótese de que esta droga, por ser alucinógena e endógena, pode ser a razão por que nós sonhamos. Fatos que reforçam esta ideia são que usuários da droga afirmam passar por projeção de pensamentos, e esta droga é produzida pela glândula pineal, fundamental no estabelecimento do sono. O que é o sonho senão uma projeção daquilo que estamos pensando enquanto dormimos?
As drogas(5-metoxi-dimetiltriptamina e bufotenina) também podem estar relacionadas com alguns distúrbios mentais como esquizofrenia e autismo em crianças. Alguns dados reforçam esta crença:
Pesquisa 1:
Doses elevadas de bufotenina foram encontradas na urina de:
Todos sujeitos avaliados que eram autistas com retardo mental e epiléticos (n=18).
32/47 pacientes autistas com retardo mental
15/18 pacientes com depressão.
13/15 sujeitos com esquizofrenia
apenas 2/200 pessoas tidas como 'normais' em relação a distúrbios mentais.
Não se sabe ao certo a relação dessas doses elevadas com os distúrbios da mente, no entanto, em autistas pôde ser verificada uma relação de que quanto maior era a concentração de bufotenina na urina, maior era o grau de hiperatividade do paciente com autismo.
Por hoje é só neuroboys. MUITO OBRIGADO E ESPERO TER AJUDADO!
fontes de pesquisa:
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20150873
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20942780
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3028383/?tool=pubmed
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/8747157
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21464174
http://jpet.aspetjournals.org/content/294/1/1.full
http://en.wikipedia.org/wiki/5-MeO-DMT
http://en.wikipedia.org/wiki/Bufotenin
http://www.fag.edu.br/professores/yjamal/Fisioterapia%20Farmacologia/Farmacocin%E9tica.pdf