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terça-feira, 29 de novembro de 2011
CAFEÍNA
segunda-feira, 28 de novembro de 2011
Pra não dizerem que não falei dos clássicos
TPM - Uma bomba prestes a estourar!
Boa noite, pessoal. Prontos para mais uma enxurrada de conhecimento? Bom, melhor estarem preparados, porque o assunto de hoje move o mundo. Não, nós não falaremos de guerras, nem de política, economia, nada disso...Nós falaremos sobre a TPM. Que foi? Tá achando que eu estou exagerando?Bom, vamos pensar, qual é a coisa capaz de tirar homens e mulheres do sério? Não, não são contas a pagar, notas dos filhos...nada disso. O que é capaz de tirar ambos do sério é a TPM.
Vamos imaginar uma situação cotidiana:
Um casal, irmãos, mãe e filho, amigos....não importa...vamos pensar apenas em um homem e uma mulher. Dia normal, os dois estão conversando normalmente, ma existe algo que o homem não sabe e essa informação pode lhe custar caro: a mulher está de TPM! A conversa prossegue normalmente e de repente, o primeiro deslize, o homem faz um comentário impensado. Pode ser algo normal como o dia estar feio e chuvoso, uma comida que não está muito boa, um atraso por parte da mulher, ou até um comentário sobre uma mulher do trabalho, faculdade....enfim, qualquer coisa pode ser o gatilho inicial. De repente, algo acontece sem pistas ou indícios: ocorre uma explosão. Não uma explosão qualquer, uma bomba talvez fizesse menos estragos, essa explosão é um explosão emocional. A conversa não tem mais sentido, a mulher chora, briga, grita, acusa, reclama, lamenta...tudo isso ocorre como se o filme estivesse sendo adiantado em velocidade rápida, tudo passa como um borrão, nada é bem compreendido e quando acaba, a única coisa que você pensa é: eu sobrevivi?
Sim, amigos, isso foi apenas um dos episódios de uma TPM, homens e mulheres saem prejudicados. Mas porque? O que acontece com essas criaturinhas que um dia podem ser doces e meigas e no outro, podem dar início à Terceira Guerra Mundial? Prepare-se, estamos prestes a mergulhar num mundo assustador e sempre incerto, o mundo da TPM. Apenas lembre-se de uma coisa, se tudo der errado, a única coisa que você NÃO pode dizer é: Fica calma, não precisa ficar estressada. Agora que as instruções de segurança foram dadas, preparem-se, nossa aventura vai começar.
Bom, a TPM (Tensão Pré-Menstrual) começou a ser relatada no meio médico por volta de 1931 e suas características como cefaléia, tensão emocional, queixas de inchaço e dores pelo corpo passaram a ser mais bem retratadas. No entanto, esse quadro apresentava-se muito abrangente e vago podendo ser identificado em cerca de 90% da população feminina no período final do ciclo menstrual, logo antes da ocorrência da menstruação. Foram feitos estudos em relação aos sintomas apresentados e mulheres tratadas com placebo tiveram 80% de melhora dos sintomas apesar de não utilizar nenhum fármaco.
O conceito foi ampliado para Síndrome Pré-Menstrual (SPM) e passou a englobar as alterações emocionais mais específicas como irritabilidade e sensibilidade exagerada, as famosas crises de choro ou até mesmo de fúria. Na SPM, o inchaço e dor nas mamas, a cefaléia e as alterações de humor apresentadas por até cerca de 75% das mulheres no período de 3 a 10 dias antes menstruação, foram considerados como principais sintomas a ser estudados.
Essa classificação, no entanto, ainda não foi suficiente para abordar essa fase apropriadamente (os homens que o digam, não é mesmo?). Surgiu então uma nova classificação, o Transtorno Disfórico Pré-Menstrual conhecido como TDPM. Essa nova classificação foi essencial por incluir um pré-requisito importante: os sintomas continuam sendo iguais aos da SPM, mas devem ser intensos o suficiente para atrapalhar a vida cotidiana da mulher, tal como afetar no ambiente de trabalho, na concentração e realização de tarefas diárias a ponto de exigir acompanhamento e tratamento. A porcentagem de mulheres que sofrem com esse diagnóstico é: de 80% das mulheres que sofrem com os sintomas de TPM, 20% delas apresentam-nos com intensidade suficiente para atrapalhar as atividade diárias e, dessa porcentagem, de 5 a 8% de mulheres necessita de tratamento especializado.
A grande incidência de TDPM ocorre em mulheres na faixa dos 30 anos e o stress, bem como a personalidade que apresenta intrinsecamente traços de ansiedade podem contribuir para o aparecimento dos sintomas mais intensos.
Talvez seja nessa hora que você, homem, esteja pensando: nossa, dá pra ser pior do que uma simples TPM, pode ser ainda uma TDPM? Sim, as coisas podem piorar e muito se formos avaliar em uma escala, a TPM seria apenas um incômodo leve capaz de gerar desconforto, a TDPM, no entanto, é séria a tal ponto de necessitar de intervenção para ser melhor controlada. Por isso, homens, NUNCA menosprezem o que uma mulher sente nesses dias, sua segurança está em jogo!
Para ser enquadrada como TDPM, a mulher deve apresentar por pelo menos 2 a 3 ciclos, 5 ou mais dos sintomas abaixo:
· Humor depressivo marcante, sentimento de desesperança ou auto-depreciativo
· Ansiedade e tensão bem marcante
· Labilidade afetiva
· Irritabilidade ou agressividade marcantes e/ou dificuldade de relacionamento
· Interesse diminuído para as atividades comuns
· Dificuldade de pensamento, memória e concentração
· Cansaço, fadiga e perda de energia
· Alteração do apetite com provável aceitação por certos tipos de alimentos
· Alteração do sono (insônia ou hipersonia)
· Sensação de perda de controle e opressão
· Turgência nas mamas, cefaléia, dor no corpo, ganho de peso, inchaço
· Deve interferir marcadamente em atividades de trabalho, relacionamento e demais atividades sociais
A TDPM não deve ser encarada como brincadeira, estatísticas mostram que durante este período, aumenta-se sensivelmente os índices de acidentes, suicídios e crimes por parte das mulheres. Esse número ainda permanece menor do que o padrão usual dos homens, mas não deve ser menosprezado. (Parry & Rausch, 1995, citado por Everton Botelho Sougey et al. em BOTA, no. 21, 2003, pg.5).
Por esse motivo, não provoquem, homens, nunca se sabe do que uma mulher irritada é capaz!
Acreditava-se que os sintomas estavam relacionados à queda da taxa de progesterona característica do último quarto do ciclo menstrual. Para tal, pensava-se que a simples ingestão de progesterona seria capaz de atenuar os sintomas apresentados. Seguiu-se a esse pensamento, um período de 30 anos no qual a medicina utilizava como tratamento da TPM a reposição hormonal.
Esse procedimento, no entanto, caiu por terra com a constatação de que mulheres que apresentavam TDPM possuíam a mesma taxa hormonal que aqueles que não apresentavam. A resposta a esse “mistério metobólico” ainda não foi encontrada, mas suspeita-se que as causas estejam ligadas às alterações hormonais individuais associada a uma alteração neuroquímica.
A explicação neuroquímica estaria pautada numa hiperestimulação da serotonina no período folicular do ciclo enquanto que, no estágio lúteo, a atividade da serotonina seria bem mais baixa. É essencial entender, nesse momento, que durante uma super exposição, ocorre um aumento da concentração de receptores na membrana pós-sináptica para “consumir” a serotonina mais rapidamente (consumir não seria a palavra mais correta por não ser o receptor ao degradar o neurotransmissor, como foi explicado na postagem do Sherlock Holmes, mas usei aqui apenas de forma didática, caso queira, dê uma olhadinha rápida na postagem antes de continuar a leitura). Quando os neurotransmissores forem todos ligados aos receptores, os neurotransmissores serão degradados, mas os receptores continuarão em grande número na membrana da célula. Essa situação leva ao momento “de fossa” após uma grande alegria (no exemplo ainda da serotonina) na qual ocorre uma espécie de “feed back” até que o corpo se acostume à baixa concentração de neurotransmissores e volte à concentração normal de receptores na membrana. Nessa fase luteínica, os receptores de serotonina 5-HT1a sofrem um aumento da sensibilidade, situação que leva ao resultado positivo da administração de remédios antidepressivos Inibidores Seletivos da Recaptação da Serotonina (ISRS) no controle dos sintomas da TDPM.
Mulheres que apresentam TDPM, por sua vez, de acordo com essa hipótese, poderiam apresentar uma sensibilidade maior ao sistema serotoninérgico. Essa hipótese leva à aplicação do tratamento da TDPM através da administração de antidepressivos que levam ao aumento da disponibilidade de serotonina no organismo.
Vamos dar uma pausa agora e explicar um pouco melhor como a serotonina é formada. O precursor da serotonina é o aminoácido chamado triptofano que é hidrolisado na posição 5 transformando-se em 5-HTP (5-hidroxitriptofano) com a ação da enzima triptofano hidroxilase. Após isso, a enzima 5-HTP-descarboxilase transforma o 5-HTP em 5-hidroxitriptamina (5-HT) também conhecida como serotonina.
Existem teorias que sugerem que o GABA e a noradrenalina também podem atuar influenciando nos sintomas da TDPM.
Enquanto que a alimentação com alimentos ricos em triptofano pode vir a auxiliar na atenuação dos sintomas (ainda em comprovação), certos alimentos como álcool, café chocolate e doces em geral podem aumentar a ocorrência dos sintomas da TDPM.
Ufa, não sei vocês, mas depois de tudo isso, até comecei a sentir minha taxa de serotonina diminuindo...Bom, por hoje é só, pessoal, vou aproveitar que eu não me encaixei no perfil de alguém que tem TDPM (é sério, não ri, eu não me encaixo mesmo!) e comer um belo chocolate, aumentar minha taxa de serotonina, ser feliz e aproveitar a maré de serotonina e ir dormir (para quem não entendeu essa última parte, vale a pena ler o último post da Patrícia Cristina sobre a serotonina e o sono).
Ah, quase me esqueci, um último aviso aos homens, agora que vocês sabem de tudo isso e quais os prováveis sintomas que uma mulher pode apresentar se possuir TDPM, façam um favor a si mesmos: CUIDADO COM O QUE VOCÊS FALAM! Não digam nunca para uma mulher se acalmar e sempre concordem e peçam desculpa por ter falado besteira, sempre elogiem ela mesmo que elas se sintam gordas e feias nesse dia e assim, QUEM SABE, vocês sobreviverão à Terceira Guerra Mundial que ocorre todo mês!
Sorria e deixe a serotonina fluir!
Bibliografia:
http://www.psiqweb.med.br/site/?area=NO/LerNoticia&idNoticia=143
http://www.psiqweb.med.br/site/?area=NO/LerNoticia&idNoticia=153
domingo, 27 de novembro de 2011
Receptores Pós-sinápticos
Olá pessoal, prontos para mais uma missão? Já discutimos aqui sobre o sistema nervoso e sobre os neurotransmissores que permitem a propagação de uma informação através do corpo humano. Mas essa história ainda não está completa...nós comentamos sobre os estímulos que levam o sistema nervoso a atuar, falamos das sinapses e dos neurotransmissores sendo liberados, mas não explicamos a forma como esses neurotransmissores são captados pela célula pós-sináptica. Essa será, portanto, nossa última missão antes de desvendar os neurotransmissores e as mulheres.
Antes de mais nada, cabe lembrar que essa via é unidirecional, ou seja, o impulso sempre ocorre dos terminais axoniais em direção aos dendritos da célula seguinte, chamada de pós-sináptica. A sinapse pode gerar duas respostas: excitatória ou inibitória. A sinapse com função excitatória gera a despolarização da membrana neuronal permitindo que o impulso elétrico continue através do neurônio enquanto que a inibitória gera uma hiperpolarização da membrana neuronal impedindo a passagem de corrente elétrica pelo neurônio que bloqueia a passagem da informação.
Para que ocorra, porém, a resposta inibitória ou excitatória, o neurotransmissor deve se ligar aos receptores presentes na membrana da célula pós-sináptica para combinar-se à ele; como se fosse uma chave e um fechadura, o neurotransmissor se liga especificamente a um receptor; para gerar a resposta. Os receptores são estruturas protéicas fundamentais para a criação do potencial pós-sináptico, seja ele de hiperpolarização ou despolarização.
Para facilitar o entendimento, explicaremos os receptores dividindo-os em duas classes principais: os ionotrópicos e os metabotrópicos.
Receptores ionotrópicos (figura ao lado): apresentam poros que permitem a passagem de íons de forma a regular a concentração iônica e alterar a voltagem da membrana celular. Ou seja, além do sítio de ligação para o neurotransmissor, apresentam também um canal intrínseco iônico.
Antes de prosseguir com a explicação, é importante estabelecer um pequeno raciocínio para nos auxiliar a entender as informações subseqüentes. No potencial pós-sináptico excitatório (PPSE), que como dito anteriormente gera a despolarização, ocorre um aumento da concentração de Na+ intracelular (quando em estado de repouso, a concentração de Na+ é maior fora da célula enquanto que internamente, há uma maior concentração de K+ ), por outro lado, no potencial pós-sináptico inibitório (PPSI) ocorre uma hiperpolarização através de um aumento do íon Cl- ou uma diminuição do K+ intracelular aumentando ainda mais a diferença de potencial (ddp) na membrana, impossibilitando a passagem de corrente elétrica do impulso nervoso.
A hiperpolarização ou a despolarização dependem da permeabilidade, do canal iônico presente no receptor, a certos íons. Por exemplo, os receptores de Glutamato e Serotonina(tipo 5-HT3) apresentam uma permeabilidade não específica para cátions univalentes, dessa forma, tais receptores são responsáveis pela despolarização (resposta excitatória)através do influxo de Na+ (é chamado influxo porque, no estado de repouso, o sódio é bombeado para fora da célula e, no momento que ocorre a ligação do neurotransmissor com o receptor, esse fluxo é alterado
Não obstante, devemos atentar para o fato de que os receptores ionotrópicos apresentam também sítios de ligação para diversas outras moléculas e íons, tais sítios são responsáveis pela modulação da resposta ao estímulo. Para citar alguns exemplos, podemos tomar o receptor GABA, esse receptor inibitório tem sua função amplificada com a associação de drogas chamadas de benzodiazepínicas e barbitúricos. Os benzodiazepínicos possuem uma atuação sedativa-hipnótica (http://www.unifesp.br/dpsicobio/drogas/hip.htm) dependendo da dose ministrada. Exemplos dessas drogas: Diazepam e Lorazepam. Os barbitúricos eram muito utilizados como tratamento para a insônia, mas devido à sua dose receitada ser muito próxima da dose letal, deixaram de ser amplamente empregadas para tal fim. São ainda utilizadas para aplicação de anestesia geral e no tratamento de distúrbios convulsivos. Exemplos: Fenobarbital (presente no Gardenal e no Luminal).
Quando ocorre a liberação das vesículas de neurotransmissores pela célula pré-sináptica, os neurotransmissores se ligam ao receptor ionotrópico para controlar o fluxo de íons pela célula. Dessa forma, o neurotransmissor atua na tranmissão da resposta através da condução ou não do impulso nervoso. Os receptores ionotrópicos são mais rápidos que os metabotrópicos, como será explicado abaixo.
Receptores metabotrópicos (receptores acoplados a proteínas G, figura abaixo): alteração indireta na função e estrutura celular através de “segundos mensageiros”. São exemplos de receptores metabotrópicos: todos os dopaminérgicos e adrenérgicos, o de histamina, alguns glutamatérgicos e, com exceção do 5-HT3, todos os serotoninérgicos.
Os receptores se acoplam a proteínas G, que se ligam ao GTP. São específicos para cada neurotransmissor, ou seja, cada receptor estará ligado a uma proteína G diferente. O neurotransmissor, ao se ligar ao receptor, muda alostericamente a estrutura do receptor que, por isso, liberará o GDP que estava ligado a ela e capturará um GTP do citossol. Uma das subunidades do complexo da proteína G irá então adquirir uma posição mais intermembrana para encontrar proteínas integrais da membrana chamadas de efetoras, proteínas essas que serão responsáveis por transformar o estímulo em uma resposta pós-sináptica ou desencadearão diversas reações responsáveis por continuar a resposta nervosa, mesmo que indiretamente.
Essas proteínas efetoras serão responsáveis por sintetizar “segundos-mensageiros” como a cAMP e a cGMP. As reações geradas serão responsáveis por abrir ou fechar os canais iônicos. Diferentemente dos receptores ionotrópicos, os metabotrópicos possuem resposta muito mais lenta, dessa forma, os impulsos mediados por eles, são mais lentos no organismo.
Bom, chegamos ao fim de mais uma postagem. Espero que esse conteúdo tenha ficado de fácil compreensão e vocês tenham aprendido esse último passo do processo que é o impulso nervoso.
Como sempre, sorria e deixe a serotonina fluir!
Bibliografia:
http://www.unifesp.br/dpsicobio/drogas/barbi.htm
http://www.unifesp.br/dpsicobio/drogas/hip.htm
http://www.unifesp.br/dfisio/fisioneuro/transm_sinaptica.pdf
projetos.inf.ufsc.br/neurociênciadocomportamento
http://www.fmrp.usp.br/revista/1999/vol32n2/aspectos_moleculares_transmissao_sinaptica.pdf
sexta-feira, 25 de novembro de 2011
O que o sapo tem a ver com as drogas? E com a nossa mente?
Olaaaaaaa neuroboys! Demos início ao assunto drogas no último post e para delírio da nação continuaremos agora a nossa conversa sobre o tema no que diz respeito à duas drogas interessantíssimas de serem estudadas: 5-MeO-DMT(5-metoxi-dimetiltriptamina) Bufotenina. As duas drogas agem como agonistas de serotonina não seletivos. (fonte http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3028383/?tool=pubmed)
5-MeO-DMT
Bufotenina
Antes de começar a falar sobre as drogas diretamente nós temos que entender um pouco de como elas são metabolizadas no nosso organismo e para isso você tem que saber o caminho da droga no nosso corpo.
Uma droga quando é metabolizada pelo nosso organismo segue por uma ordem de reações, sendo, portanto, reações de fase 1 e reações de fase 2.
Reação de fase 1 ou de funcionalização: redução, oxidação ou hidrólise dos compostos; adição de grupos tiol, carboxil, amina e hidroxila. A reação de fase 1 prepara a droga para a fase seguinte, gerando compostos mais ou menos ativos. Dentre as três reações apresentadas tem destaque a oxidação, da qual participa o Sistema citocromo p450. O citocromo p450 é uma droga polimórfica e já foram caracterizados no ser humano 57 citocromos p450. O citocromo p450 por ser polifórmico necessita diferentes nomes para os diferentes tipo, sendo utilizada a sigla: CYP2D6 para designar o citocromo p450(CYP) pertencente a segunda família, sub-famfília D e para dizer que na ordem de transcrição deste gene o que codifica este tipo de citocromo é sexto a ser lido.
Drogas indutora da atividade de diferentes citocromos
Drogas inibidoras da atividade de diferentes citocromos
Decidimos falar dessas drogas quando começamos o nosso projeto, pois são drogas produzidas por animais e inclusive produzidas por nós, seres humanos, mesmo que em baixíssimas quantidades quando em pessoas ‘saudáveis’ em certos aspectos.
5-MeO-DMT e bufotenina são produzidas por sapos do gênero bufo, especialmente pelo nosso querido sapo cururu (Bufo marinus; Rhinela marina). O veneno destes anfíbios, conhecido como bufotoxina, é rico em diversas substâncias tóxicas e alucinógenas, podendo conter também serotonina. No nosso corpo são tidas como psicotoxinas endógenas e estão presentes em diversos fluidos corporais, como urina, fluido cerebroespinhal e sangue.
Metabolismo do 5-MeO-DMT
É importante dizer também, que quando produzido no nosso corpo, o 5-MeO-DMT provém da serotonina, neurotransmissor relacionado com diversos papeis na homeostase, inclusive no reconhecimento de certas doenças da mente. Baixos níveis de serotonina ou a degradação desta de forma muito rápida pela monoamino oxidase-A(MAO-A) na sinapse podem ser sinais de depressão por exemplo.
Veja a semelhança entre a estrutura da serotonina e das drogas apresentadas:
As duas drogas são metabolizadas sofrendo uma desaminação pela monoamino oxidase-A(MAO-A), enzima presente no sistema nervoso, hepatócitos, entre outros. No entanto, ambas geralmente são consumidas com uma droga inibidora desta enzima, a harmalina, que também causa alucinações, deste modo o usuário sofre de um triplo estímulo à alucinação. A transformação de 5-MeO-DMT é realizada por CYP2D6, a mesma enzima que degrada a harmalina. Outra consequência, além da maior intensidade das alucinações, de as drogas serem consumidas com harmalina, é que bloqueando a MAO-A a droga também aumenta a quantidade de serotonina nas sinapses, fazendo com que a serotonina se ligue repetidamente aos receptores. Um inibidor potente de MAO-A (IMAO) como a harmalina se consumido em altas quantidades pode levar a pessoa a um quadro de intoxicação por serotonina e até a morte. As sinapses ficam da seguinte maneira:
Em experimentos com dois tipos de citocromo p450 2D6 (citocromo 'humanizado': TD-CYP2D6 e citocromo selvagem: Wild-type) foi demonstrado que a harmalina não só inibe, mas que também possui uma capacidade inibitória compatível com o poder de degradação do citocromo no meio, ou seja, quanto maior a eficiência do citocromo, maior o poder inibitório da harmalina. O experimento sugere também que a harmalina, no mínimo, induz a ligação de serotonina aos receptores HT1A, que promovem um abaixamento da temperatura do corpo.
Esse gráfico retrata simplesmente a produção percentual de bufotenina em relação à quantidade de 5-MeO-DMT administrada. Mostra este dado com e sem a adiministração de bufotenina e evidencia a maior exposição do sujeito às drogas quando a harmalina também é administrada e quando não é:
Sobre o 5-MeO-DMT é muito interessante a hipótese de que esta droga, por ser alucinógena e endógena, pode ser a razão por que nós sonhamos. Fatos que reforçam esta ideia são que usuários da droga afirmam passar por projeção de pensamentos, e esta droga é produzida pela glândula pineal, fundamental no estabelecimento do sono. O que é o sonho senão uma projeção daquilo que estamos pensando enquanto dormimos?
As drogas(5-metoxi-dimetiltriptamina e bufotenina) também podem estar relacionadas com alguns distúrbios mentais como esquizofrenia e autismo em crianças. Alguns dados reforçam esta crença:
Pesquisa 1:
Doses elevadas de bufotenina foram encontradas na urina de:
Todos sujeitos avaliados que eram autistas com retardo mental e epiléticos (n=18).
32/47 pacientes autistas com retardo mental
15/18 pacientes com depressão.
13/15 sujeitos com esquizofrenia
apenas 2/200 pessoas tidas como 'normais' em relação a distúrbios mentais.
Não se sabe ao certo a relação dessas doses elevadas com os distúrbios da mente, no entanto, em autistas pôde ser verificada uma relação de que quanto maior era a concentração de bufotenina na urina, maior era o grau de hiperatividade do paciente com autismo.
Por hoje é só neuroboys. MUITO OBRIGADO E ESPERO TER AJUDADO!
fontes de pesquisa:
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20150873
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20942780
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3028383/?tool=pubmed
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/8747157
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21464174
http://jpet.aspetjournals.org/content/294/1/1.full
http://en.wikipedia.org/wiki/5-MeO-DMT
http://en.wikipedia.org/wiki/Bufotenin
http://www.fag.edu.br/professores/yjamal/Fisioterapia%20Farmacologia/Farmacocin%E9tica.pdf
terça-feira, 22 de novembro de 2011
Como opera o mecanismo de funcionamento bioquímico dos fármacos antidepressivos baseados na modulação da concentração de neurotransmissores?
sexta-feira, 18 de novembro de 2011
A Esquizofrenia e os Neurotransmissores
A etimologia da palavra Esquizofrenia nos fornece o seu significado, que é divisão da mente (Skizo = cisão e Phrenos = mente). A doença é um transtorno psiquiátrico idiopático bastante complexo, que agrega quadros com uma grande diversidade sintomática. Os primeiros sinais da doença aparecem mais comumente no início da fase adulta. Apesar de poder surgir repentinamente, o quadro mais frequente tem início de maneira vagarosa. Sintomas prodrômicos pouco específicos, incluindo perda de interesses, isolamento, negligência com a aparência pessoal e higiene, podem surgir e permanecer por algumas semanas ou até muito antes do aparecimento de sintomas mais característicos da doença.
A causa mais aceita da doença é que as pessoas esquizofrênicas sofrem de um desequilíbrio neuroquímico. Apesar de a disfunção dopaminérgica, onde é descrita uma hiperfunção dopaminérgica central, estar bem estabelecida na esquizofrenia, uma série de experiências indica o envolvimento de outros sistemas neuroquímicos. Fatos sugerem que uma hipofunção do sistema glutamatérgico também esteja envolvida na fisiopatologia do transtorno. Esse é o sistema excitatório mais amplamente distribuído pelo Sistema Nervoso Central (SNC) sendo o seu principal neurotransmissor o glutamato; esse sistema está relacionado com funções cognitivas fundamentais, como memória e aprendizado.
Há dois tipos de receptores no sistema glutamatérgico: os metabotrópicos e os ionotrópicos.O primeiro tipo atua por intermédio de mensageiros secundários, ativados por uma determinada proteína, enquanto osegundo tipo atua através de um fluxo de íons de sódio e potássio e ainda é subdividido em receptores não-NMDA e receptores NMDA.
Os receptores NMDA são capazes de amplificar os impulsos neurais, analogamente ao mecanismo dos amplificadores de guitarras elétricas, que transformam sons fracos em sons mais fortes. Quando amplificam seletivamente alguns estímulos neurais importantes, esses receptores ajudam o cérebro a responder efetivamente algumas mensagens e a ignorar outras, o que facilita foco mental e a atenção.
A relação do sistema glutamatérgico com a esquizofrenia está embasada no fato de existirem algumas drogas antagonistas do receptor NMDA, como o PCP, popularmente conhecido como pó de anjo, que ao interagir com o sistema glutamatérgico promove um bloqueio do receptor NMDA e induz sintomas muito semelhantes aos sintomas esquizofrênicos. Um fato importante é que os antagonistas do NMDA não induzem tais sintomas psicóticos em crianças, explicando a grande incidência de esquizofrênicos adultos, o que sugere que tais sintomas só ocorrem depois de uma certa maturação do SNC.
Essas alterações do sistema glutamatérgico não estão envolvidas apenas na esquizofrenia, mas também em diversas doenças neurológicas como epilepsia, doença de Parkinson, entre outros.
Bibliografia
http://www.revistasusp.sibi.usp.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1678-51772006000400014&lng=es&nrm=iso
http://www.unimes.br/aulas/MEDICINA/Aulas2007/4ano/Farmacologia/Antidepressivos.pdf
http://www.hcnet.usp.br/ipq/revista/vol32/n1/10.html
http://bases.bireme.br/cgi-bin/wxislind.exe/iah/online/?IsisScript=iah/iah.xis&src=google&base=LILACS&lang=p&nextAction=lnk&exprSearch=457263&indexSearch=ID
http://www.scielo.br/pdf/rbp/v25n3/a11v25n3.pdf
http://gballone.sites.uol.com.br/voce/esq.html
http://www.psicosite.com.br/tra/psi/esquizofrenia.htm
http://www.encuentros.uma.es/encuentros83/Image1.gif (imagem)
http://www.inec-usp.org/cursos/cursoV/figuraVI.jpg (imagem)
.br/alfa/corpo-humano-sistema-nervoso/imagens/sistema-nervoso-394.jpg (imagem)